28 de nov. de 2011

TRABALHO EM PLATAFORMA SEMISUBMERSIVEL

Trabalhando em uma semisubmersivel
Uma unidade de perfuração marítima (UPM), pode ser entendida como uma fábrica densamente povoada sobre uma pequena ilha flutuante.
Esta ilha, que geralmente pertence a um arquipélago, pode ser arrastada por condições muito adversas e vir a se chocar com outras ilhas, ou até mesmo afundar. O acesso à ilha se dá por meio de barcos ou helicópteros. Uma vez recebendo do mundo exterior água doce (78000 litros por dia)*, óleo diesel (31400 litros por dia), alimentos e materiais e peças de reposição para suas utilidades, a ilha é capaz de produzir energia elétrica (até 18000 Kilo Watt), manter-se em posição, deslocar-se por seu próprio sistema de propulsão, perfurar poços submarinos de petróleo em lâmina de água de até 1900 m com profundidade total de até 7600 m e manter seus habitantes em boas condições de moradia, alimentação e segurança. A ilha possui população média de 100
habitantes, que se renova parcialmente a cada semana através de 4 turmas de trabalhadores, 3residentes, duas trabalhando e duas folgando, de trabalhadores temporários e de visitantes. Seus governantes também se revezam a cada 28 dias e prestam contas a autoridades no continente e a representantes destas a bordo. O regime político é tipicamente militar: há revistas na entrada e na saída da ilha, através de sentinelas no aeroporto, os novatos são chamados de recrutas e a quebra da disciplina pode ser punida com a expulsão (desembarque e demissão). Falam-se duas línguas na ilha, o Português e o Inglês. Todos os habitantes dispõem de água canalizada, luz elétrica, alimentação abundante, roupas de trabalho, serviço de arrumação de quartos, atendimento médico, exame médico periódico, salas de recreação, ginástica, cinema e TV. Os cuidados com o meio ambiente incluem tratamento de esgoto, programa de descarte de resíduos e coleta seletiva de lixo. Há posto médico com enfermeiro, remédios e equipamentos hospitalares 24 h por dia, sendo que em casos graves pode-se recorrer a helicópteros ambulância. O salário per capita, é de US$ 13200 por ano, com uma distribuição muito desigual (19,4 % no topo da hierarquia detém 71% da renda, enquanto 29,2% na base ficam com apenas 5% ). O faturamento anual bruto é de US$ 47.450.000,00, fruto de uma taxa diária de US$ 130.000,00 (média mundial para uma semisubmersível de posicionamento dinâmico). Na SS é terminantemente vedado: permanecer na ilha além do tempo previsto; deixar a ilha antes da data prevista; trazer a família, amigos, namorada, etc; faltar ao trabalho; pescar, nadar ou comer peixe fresco, mesmo estando em alto mar.
Depois de 14 dias a bordo, 2 dias viajando e 2 dias recuperando-se do cansaço acumulado sobram 10 dias de folga para usufruto ou complementação salarial.
Como se sentem estes trabalhadores ao deixar suas famílias para ir trabalhar? Como se sentem durante a viagem até as plataformas ou navios de perfuração ou produção? Como são as condições de trabalho? De que forma o trabalho é organizado? Quais são as políticas de gestão da força de trabalho? Como são as relações trabalhistas? Como são as relações interpessoais a bordo? Quais são as principais carências e preocupações a bordo? O que atrai os trabalhadores e os motiva a enfrentar os desafios do trabalho offshore? Como se sentem na viagem de volta?
Como se readaptam à vida familiar e social a cada desembarque? Como suas famílias se sentem durante o período em que os trabalhadores estão embarcados? Como suas famílias se sentem durante as folgas longas dos trabalhadores? Qual o grau de conhecimento dos trabalhadores, de suas famílias, dos empregadores, dos profissionais de saúde e dos demais agentes do trabalho sobre os impactos do trabalho em turnos em jornadas estendidas no ambiente confinado em alto mar?
São tantas as questões suscitadas ao se pensar sobre esta categoria de trabalhadores, que
o estudo das relações de trabalho em unidades de perfuração marítima se justifica pela
importância destas relações, pois, além de influenciar os resultados das organizações, elas transcendem o ambiente de trabalho determinando, em grande parte, a qualidade de vida do trabalhador e de sua família.

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